four years ago: happiness arrived for me
four years from then: fate has come again
Ideias de personagens criados para viver muitos ou poucos textos. Formas e formatos distintos, experiências ímpares. Não importa quem seja, ouviremos com mesma intensidade.
2 de novembro de 2015
1 de novembro de 2015
LEAN
Este conto tem o intuito de representar de que maneira eu venho tentado
superar essa morte. Um bom recurso linguístico para o título é misturar duas
palavras que nos denotam e chegar a uma simples palavra de duas sílabas, com
sonoridade estranha por conta das vogais. Mas é esta a intenção: de um para
dois.
Hoje eu tive a ideia de limpar meus móveis por dentro, tirar tudo, reavaliar
o material, fazer a faxina mental, tentar me achar novamente. Depois de tantas
histórias, de tantos momentos, de tantos cotidianos rotinosos, afinal de
contas, onde começa eu onde começa tu, onde foi que nos perdemos, o que foi que
restou de destroços de minha identidade.
É uma viagem futurense, é uma expressão neológica que pode mostrar a
necessidade de olhar à frente ao menos uma vez nos últimos dias. Um futuro que,
por outro lado, olha para o passado e nos vemos obrigados a retornar
imediatamente para o que éramos antes de sermos a personagem em que nos
tornamos: LEAN.
Propus-me, assim, a vasculhar nesse passado e projetá-lo ao futuro mais
próximo por que pudesse esperar. Comecei a tirar livro por livro da estante
empoeirada em um quarto triste, solitário e seriamente mal cheiroso pela
nicotina. Retirei-os, aceitei um destino que eu mesmo tive de impor para minha
mente se curar, para incitar mais um pouco o luto, mas dessa vez que ele fosse
para meu próprio bem.
Sinto vontade de protelar um pouco mais, sinto-me não pronto para tal
façanha, sinto vontade de tê-lo ainda, mas a morte foi inevitável, ele disse.
Eu tive que aceitar e por isso devo iniciar logo essa procrastinativa tarefa.
Conseguirei, espero, fazer minhas escolhas, refazer meus planos, achar o
Leandro dentro de LEAN.
Já é hora de dormir, eu estou escrevendo este texto com intuito algum,
com interlocutor não mais que eu mesmo. Flagro minha mente racionalizando “por
que mesmo ainda não fiz isso?”, mas lembro-me que não fiz porque não é hora. A
hora é: ser LEAN.
Augusto Leandro
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