20 de agosto de 2010

Evil I

Há coisas que não precisam ser ditas. Há coisas que são ditas no silêncio. Não digo de frases ditas no silêncio de um olhar, isso me soa deveras piegas. Digo de coisas que são ditas nas entrelinhas, daquelas coisas que são óbvias demais para serem ditas. Acho que a gente acabou por aprender a ser claro demais, deixamos de ser interessantes. Sim, porque o que é interessante é aquilo que nunca mostra tudo, é aquilo que sempre vai deixar um mínimo de curiosidade. Mas aí já acho que fugi do assunto.

E por algum motivo que não sei dizer, uma frase me vem a mente: “Matei um velho”. Edgar Alan Poe disse isso, mas não disse exatamente isso. O fato é, o moço matou o velho do Evil Eye (ou seria Evil “I”?) só por causa dos olhos. Ele não aguentava viver com aqueles olhos malignos – como aparece na tradução para o português. Então, matou o velho, que não tinha nada a ver com a história.

Eu já cometi um assassinato uma vez. Foi bem legal. Uma experiência que eu tenho vontade de repetir. Mas isso não vem ao caso.

O que eu realmente tenho vontade de fazer é explodir um prédio inteiro com pessoas dentro. Só que eu queria que essas pessoas tivessem a ver com a história só para provar para os alheios o meu ódio por elas. Só para provar o gosto de matar um inimigo oculto. Eu daria um jeito de organizar todos eles numa grande festa, uma festa à fantasia – porque é a minha predileta. Daí eles entrariam num grande salão que traria uma bomba escondida. Beberiam muito, comeriam muito. Seria uma orgia: nos banheiros, um homem e uma mulher para chupar os convidados. E esses chupadores seriam escolhidos a dedo. Teria a melhor música tocando. Quando todos estivessem bêbados e cansados de gozar, a bomba explodiria seus miolos ébrios. Que divertido!

Mas aí eu já mudei de assunto.

Como eu dizia, o silêncio é a melhor saída, sem dúvida nenhuma. Agora vocês provavelmente pensem que sou um louco sociopata que fica na espreita a montar um plano maléfico. Além do mais, não é preciso dizer isso pois é o que acontece, de fato. Que ótimo, agora ninguém mais vai querer participar da festa de encerramento.

João Hernesto

Um comentário:

  1. É muito engraçado o modo que você usa pra falar de coisas tão crueis. Eu sorri no final. Eu deveria estar de boca aberta, abismado, agora. Não estou nem perto disso!

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