Tu não passas de abstinência, penso. Tento me enganar a todo tempo. Tento pensar que o Narciso que te habita não nos deixar compor esta lírica. Penso que o dia terá acabado mais depressa se dormir durante a tarde. Penso que os pesadelos não virão. Penso e engano-me a mim mesmo. Penso e não saio das ideias, continuo preso no virtual, fora do real, só no virtual.
Ouço músicas que me lembram a ti. Leio poesias piegas e choro. Vejo filmes infantis e choro. Porque parece que os desgraçados só produzem. Porque parece que os meus textos fluem quando desgraçado estou. Ora, mas como será que este texto pausa meus pensamentos? Como pode uma mente sofredora não conseguir expressar-se?
E me perco na meta-física contida entre uma interrogação e outra. Perco-me no espaço presente entre um parágrafo e outro. Perco-me na tentativa de concatenar ideias. Perco-me em mim. Perco-me tentando-te achar aqui dentro. Mas, de alguma forma maligna, parece-me que fugiste. É como se a inspiração não chegasse antes da ação.
É como se fosse eu movido por impulsos inconstantes. E eu vou tentando-me movimentar de acordo com o vento, ora semelhante à brisa, ora semelhante ao furacão. E vou eu invertendo sintaxes e retirando a ordem concisa de um texto e seus parágrafos.
Caio. Caio dentro de mim. Caio dentro da pasmidão que minha casaca envolve. Caio dentro dessa situação. Caio dentro de seu cheiro, que aparece como um susto matador. Adentro-me o sentimento. E, quanto mais adentro, mais longe do real me encontro. E quanto mais longe do real me encontro, mais longe de encontrar-te permaneço.
Leandro Augusto.
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