Buenos Aires, 27 de Dezembro de 2011.
Querido,
O motivo pelo qual escrevo-lhe é somente meu. Não sei exatamente se lerá ou se este texto nunca chegará a seu contato. Fato é que sinto nossa situação ainda pendente. Aquela velha frase de "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" me vem à mente num momento como este. De alguma forma, parece-me que um desejo de bom ano novo resolva minha coceira, minha gagueira, meu engasgo.
Gostaria que soubesse que pensei em te ligar antes que saísse do Brasil. Pensei ainda em te mandar um e-mail ou uma mensagem na rede social. Pensei em escrever muitos agradescimentos ou muitos desejos. Pensei em não passar do "um bom ano novo". Todas as possibilidades eram tolas e plausíveis ao mesmo tempo. Ao final, escrevo em silêncio, como resolvi guardar meu amor por você, silenciado.
Os dias têm sido muito bons e a ordem tem sido estabelecida novamente desde que você se foi. Acho que você estava certo, doía em mim porque eu não aceitava perder-lhe. Doía em mim porque eu desconhecia o mundo sem você. O sol foi brilhando por entre as nuvens aos poucos e a temporada de chuvas passou, enfim. Na realidade, está passando. Algumas vezes me dói demasiado, mas silencio a dor e me faço capaz de suportá-la para depois esquecê-la. Calejei-me por sentir falta.
Pela primeira vez desde você, esse texto sobre você me vem pensado. Não é uma náusea incontrolável como os outros. É cauteloso, realista, discursivo - não enunciativo por si próprio. Deixa-me muito contente saber que você me já não faz parte do que eu mesmo construi, a minha armadura (in)destrutível. Dessa vez, você não é o que minha imaginação constrói, você é o que, de fato, é.
De qualquer forma, é maravilhoso enxergar-lhe assim: real. Dessa maneira, faz sentido a separação assim como o faz a união, a eterna união. Guardo comigo todos os momentos maravilhosos que dividi com você, esperando que haja muitos também para você. Guardo como que contadas as vezes em que nos chamamos de "morrzão" e todos os almoços, filmes, cócegas, transas, brigas que tivemos. Guardo com muito carinho sua imagem e faço questão de mantê-la sempre acesa, entretanto, silenciada.
Desejo sinceramente que tenha um ano muitíssimo produtivo em todos os setores de sua vida. Todos mesmo. Desejo que sua virada seja melhor que a virada desse ano de 2011, em que brigamos um com o outro sem sentido, sem razão. De qualquer forma, para mim, foi a melhor virada de ano que tive só porque eu estava com você. Agora, terei muitas outras e elas tomarão o primeiro lugar. Espero que nossos momentos sejam por você guardados e que os que lhe ocupam primeiro lugar deixem de ocupar sem que percam sua intensidade.
Um forte abraço,
Leandro Augusto.
Então, esse texto é pra ter sido postado como comentário no seu blog no texto "Intenso" só que não coube.
ResponderExcluirCaro, perdoe-me não ser tão sensível quanto você o é. Sempre soubemos que o mais frágil de nós, apesar de meus calos, era você. Engraçado ler, somente agora, mais de um ano depois, o que me escrevera. Pensei por um instante que foi uma pena não ter lido antes, mas esse pensamento não passou de um instante. As coisas acontecem quando tem de acontecer. É muito bom ver em suas palavras um alívio e uma visão acalmada a respeito de mim, é bom sentir o mesmo. Talvez, diferente de você, eu não acredite tanto no silenciar. Apesar de gostar de forma intensa, e quase viciante, do silêncio, prefiro acreditar no “passar”. Acho que essa palavra me deixa com uma sensação maior de “não latente”, embora não deletado da história de minha vida. Leio e escrevo sorrindo. Engraçado, pouco acontece ou quase nunca. Hoje me aconteceu algo estranho, acordei perturbado naquelas passagens do sono pro acordar que as vezes me perco. Pensei talvez em buscar tratamento... mas não. Isso não exige tratamento, é só começar a ler, escrever, ou ouvir música, que me enxergo pleno na realidade. E ai todo o caos mental e mau humor grosseiro me deixam a alma. Estava a escrever a respeito desse acordar conturbado que tive e resolvi postar em meu blog. Daí, lendo outros blogs, resolvi visitar o pseudônimos. E ai, finalmente e alegremente, li seu texto direcionado a mim.
Seus votos foram realmente verdadeiros. Meu ano foi realmente incrível, apesar de difícil. O projeto do Dragao (Edifício Dora) me tomou quase a vida. Foi tudo muito intenso e sofrido. E pensar que comecei a compor aquele personagem quando ainda namorávamos. Foi muito tempo até a estreia. Ah, a estreia... tanto vontade e disposição. Tanta decepção e ao mesmo tempo a realização de um sonho: meu primeiro trabalho de “ATOR”. Foi incrível... Você deve saber bem como é esse trabalho egocêntrico no qual se mente para si mesmo. Lembro-me que já tínhamos conversado a respeito. O trabalho também me rendeu uma pesquisa científica e uma iniciação com a professora que adorava. Lembra? A de Teoria Geral da Arte, para a qual tive que escrever aquela tese que tinha o título “ A liberdade dialética da obra de arte” hehehehehe. Quando leio sinto-me envergonhado. Mas, orgulhoso de ter conseguido no primeiro período escrever algo nem tanto medíocre. A iniciação científica deixei de lado. Acho que não tinha muito haver consumir dinheiro público com uma pesquisa um tanto pessoal e que, creio eu, não serviria muito para a posterioridade, rs.
Enfim... Acho que deixei de lado mais por medo de estar “roubando” uma pesquisa feita no dragão. Ah, o Dragaoverdeamarelo tem sido uma grande escola. Outro sonho que realizei foi ir ao show da Madonna. Aquela vaca velha nos deixou horas e horas esperando. Um show incrível, mas estava tão cansado de esperar que quase desmalhei ao pular e “cantar”. A Giovana desmalhou e teve de ser tirada do show. Bom... acho que foi isso... escrevi uma peça que se chama Ismália (depois te mando), estudei piano, assiste peças realmente marcantes, e enfrentei a sala de aula. Talvez esse, a sala de aula, tenha sido meu maior desafio este ano. A minha maior realização também. Acho que fiz um bom trabalho...
ResponderExcluirEspero que não seja tarde demais para desejar-te, com muito carinho, um ótimo ano de 2012 e 2013. A virada que se referia no texto, foi passada com a Dani e o Tuxo. Por falar em Tuxo, esse tem disso um decepção enquanto amigo... Enfim. A de 2012 pra 2013 foi com a família, coisa que me deixou mais alegre. Nossa, teria tanto coisa pra te contar e pra perguntar. Você foi pra Buenos Aires, né? Lembro que era uma grande vontade sua.
Sempre me incomodou essa distância de você. Acho triste esse deixar as pessoas que foram importantes de lado como se elas não existissem mais. Acho que não fazer isso é ser maduro. Acho que estou mais maduro. Me entendo melhor, entendo meus defeitos e erros, não me vejo mais somente como vítima.
Ultimamente não tenho feito muita coisa além de estudar. Ah, estou namorando. O nome dele é Felipe e esta indo para mestrado agora. Ele é legal. É tranquilo, calmo, gosta de arte e me acompanha em tudo. Um bom companheiro. Nosso relacionamento tem sido “pluma leve”. Nossas “brigas” parecem mais conversas ao tomar chá. Acho que eu precisava dessa tranquilidade. Tudo que faço é meio caótico, inclusive meus trabalhos artísticos. Eu gosto desse caos, dele surgem pérolas do que há de mais verdadeiro dentro do ser. Mas isso acaba transbordando na vida pessoal e ai não é tão legal. Estou, três bilhões de vezes mais tranquilo, e não fumo mais maconha, rs. Sou careta agora, rs. Quer dizer, só fumo escondidinho e o fiz, esse ano, apenas três vezes. Bebo raramente, ainda não fumo e nem quero. Enfim... Que bom poder te contar um pouco de mim de forma amiga e desinteressada. Que bom ler seu texto e perceber que o fez e que demonstrou grande maturidade provando pra mim que é sim muito maduro. Eu sempre te chamava de infantil, mas eu o era. Te desejo muito sucesso em todas as instâncias da vida.
Um abraço de urso, outro pro Edgar e pro... ai esqueci o nome dele... Aquele marrom com cara de sujo, rs.
Espero que possamos manter contato e não fingir que não nos conhecemos quando nos esbarramos por ai. No mais, desculpe qualquer transtorno. Inté.