25 de janeiro de 2012

Retórica dos Namorados

O céu se misturando ao mar, o sol se destacando por entre as montanhas. O sussurro antes do beijo, o suspiro depois do beijo. A alegria ansiosa antes de conversar, a tristeza ansiosa antes de despedir. Hoje eu me sentei e resolvi escrever um texto doce. Hoje eu me sentei e resolvi escrever o que representas a mim. Hoje eu me sentei e escrevi este resultado que vem de dentro e se espalha em meu corpo e espírito antes mesmo que possa eu controlar. Este é mais um para ti.
Porque amar-te é mais do que querer-te por perto e ter-te por perto para proteção. Proteção do mundo lá fora. Porque amar-te é mais do que sentir aquela coceirinha que chega de leve quando tu falas que me amas. Amar-te é mais do que isso. Porque amar-te é perceber que as estrelas se alinham melhor quando meu mundo te tem. Porque amar-te é perceber a simetria que é formada nas figuras geométricas espalhadas pela cidade e vê-las totalmente perfeitas. Porque amar-te é notar que o sol pode brilhar mais forte a cada dia, a cada nascer.
Entretanto, não pretendo aqui justificar o fato de escrever este texto. Escrevo para tentar exteriorizar o que se passa aqui dentro. Escrevo puramente porque pretendo mostrar que sou a pessoa mais feliz do mundo e, é bem verdade, permaneço assim desde que te conheci. Desde que tudo principiou. Desde que reparei nos teus olhos de cão carente. Desde que reparei nos teus olhos de... Nos teus olhos de...
Creio que não me sinto totalmente pronto para expressar-me bem com relação aos olhos. Retórica dos namorados... Não, não funciona assim comigo. Talvez eu entenda que o homem não tem domínio de seu sistema linguístico o suficiente para nomear tamanha perfeição. Eu posso te desenhar por completo, aqui na minha cabecinha esquecida. Talvez eu seja mesmo um pouco bobo por pensar que um amor pode salvar o mundo todo, assim, como nas histórias em quadrinhos. Talvez eu esteja caindo em meu próprio pesadelo de achar que as coisas devem permanecer intactas, de que amores perfeitos existem, mas patologias não podem me ser colocadas. Ninguém me pode dizer que estou errado porque eu sei que, aqui dentro, terei sempre comigo esse teu sorriso de me tirar o ar, esse teu sorriso de me fazer sentar e tentar manifestar o que em mim manifestas. Esse teu sorriso que me faz perder a ordem do tamanho de meus parágrafos e a ortograifia das palavras, de tanto que me prende, de tanto que me embarca.
Não, não pretendo aqui dizer o tamanho de meu amor, não pretendo aqui discutir contigo sobre quem ama mais e tudo aquilo que fazemos em nossas deliciosas conversas intermináveis e termináveis, lamentavelmente. Não pretendo aqui buscar adjetivos ou metáforas perfeitas para ti. Meu amor por ti é sincero, mas pobre. Ele não pensa nas coisas de maneira muito grandiosa. Ele pensa nas coisas em seus sentidos mais puros e simples. Ele só te quer mais e mais. Ele só toma espaço na cabeça, no coração e na alma a cada minuto que passo com ou sem te ter a meu lado.
Ofereço-te flores e poemas toscos, mas meu coração, na verdade, pretende demonstrar os aspectos que foi moldando para caber tanto sentimento por uma só pessoa. Meu coração só te quer sempre mais, meu coração só quer poder mostrar que tu tens mais importância para minha vida anteriormente vazia do que qualquer poema ou flores podem expressar. Ele só quer um pouco de palavras novas. Um dia desses, se encontrasse as tais palavras, com plena certeza, as dedicaria a ti.
O céu se misturando ao mar, o sol se destacando por entre as montanhas. O sussurro antes do beijo, suspiro depois do beijo. A alegria ansiosa antes de conversar, a tristeza ansiosa antes de despedir. Hoje eu me sentei e tentei, em vão, expressar o quanto te quero bem. Talvez algum dia possa extrapolar um beijo terno ou um carinho feito com todo o meu coração para poder-te dizer que tu, em verdade, és tudo o que um dia desejei para mim e que, agora que estás no mundo, posso dizer-me preenchido com a felicidade que todos procuram. Eu a encontrei. Eu te encontrei.
Capadócio.

Um comentário:

  1. Palavras doces são importantes para atenuar a vivência sofrível do amor real. O ser humano é um animal triste. Essa parte, tão subjetiva, tão idealizada, talvez seja o que temos de melhor.

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