20 de janeiro de 2012

O Plano

Entrava, aqui, mais uma de suas coincidências vitais. Deus armara uma armadilha e quem cai nela deve ser ágil para sair. É como distrair o inimigo. É como se o inimigo estivesse bem mais próximo que imaginasse. Então a coincidência se instaurava. Então era hora de distanciar. Hora de imaginar as coisas sob novas perspectivas. A guerra precisava ser dominada e ela só seria dominada se houvesse um planejamento.
Você precisa de fé, acho que falta isso em você. Fé.
Num piscar de olhos a vida faz mais sentido. Aquela metáfora pobre que me havia vindo há um tempo me volta à memória. Eu precisava encontrar dentro de mim a resposta para tanta repetição. Precisava buscar em mim a resposta de todas as perguntas do mundo. Talvez eu precisasse de fé. Talvez chegasse, enfim, o momento do juízo final. E a sentença é deliberada por mim mesmo.
Pretendo aqui colocar um fim nessa história de que devo acreditar nisso e não naquilo, de que devo me portar assim e não assado. Devo, primeiramente, deixar em mim as palavras entrarem, mas elas não entram. Não facilmente. Na verdade elas vêm e vão de maneira tão rápida que não posso sequer tateá-las. Só sei que precisava escrever e não sei exatamente que título dar a este texto que nem sequer está pronto em minha mente. As palavras vão. Ficam as palavras vãs.
O inimigo se aproxima, talvez você devesse mesmo combatê-lo. Há planos?
Não havia planos. Eu o combateria e veria até aonde meus músculos me levariam. De alguma forma, sentia que não viveria muito tempo dessa forma. Preciso pensar. Por exemplo, se o exercito oponente vier com armas de fogo, precisarei de um colete à prova de balas. Mas não basta apenas me defender, eu devo atacar juntamente. E é aí que eu me perco. Tomar as rédeas desse cavalo que nunca pára de andar para que pensemos no caminho a percorrer. Nunca pára. E eu penso e nunca saio do mesmo lugar. Enquanto isso, o cavalo me movimenta o corpo aleatoriamente nos espaços espaciais.
É pouco redundante botar à prova meus sentimentos e crenças acerca de um deus. Na verdade é necessário. Eu preciso acreditar que acredito em algo. Preciso saber que há uma proteção mínima e que não dependo somente de meu planejamento e de meu colete à prova de balas. Mas o inimigo se aproxima e ele tem um canhão. E eu me arrependo de não me haver preparado para esse tipo de imprevisto. De qualquer forma, vou ao ataque, sabendo, ainda assim, que não durarei mais que dois minutos.
Mas Deus não está aqui essa noite, padre. Deus está nos céus cuidando de assuntos dos céus. Vire-se e descubra como matar seu oponente.
Dois minutos depois, não tenho estratégia, mas tenho vida ainda. De uma forma que não sei nem saberia explicar, posso dizer que me vi vencer. Como quem vê de longe, vi o maior guerreiro do campo de batalha. E eu sobrevivi. É claro que meus oponentes permanecem intactos. É claro, ainda, que há ferimentos em minha armadura feita de pele, de minha própria pele. O sangue escorre e uma lágrima se seca. Eu continuo vivo, apesar de não ter planos. Os planos agora são: um, manter-me vivo, e, dois, bolar um plano.
João Hernesto.

2 comentários:

  1. A profusão de pensamentos do João Hernesto é encantadora... as vezes simplesmente não se há tempo para planos, só para escolhas.

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    1. Só escolhas... Malditas escolhas, que nos fazem cair na profusão dos pensamentos dos Joãos que nos habitam. Planos são necessário, não me pergunte por quê.

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