20 de setembro de 2012

A Ciência e a Metáfora


Os membros doíam. A cabeça dançava ao ritmo do caos interno. O cérebro impedia de ver. O cérebro impedia a passagem das coisas positivas.
                Há um tempo descobri que os polos existiam. Na verdade, creio sempre ter sabido desse conceito. Entretanto só pude assimilar a ideia, de fato, há pouco mais de dois anos. A humanidade está condenada a viver na polaridade, condenada a ser maniqueísta. O maniqueísmo nasce no momento em que o homem nasce. Meu maniqueísmo nasceu antes de eu nascer, creio eu. É intrínseco à minha existência. Meus polos não variam entre um meio. Meus polos não possuem linhas de progressão. Atingem cumes inesperados, em momentos curtos, porém intensos.
                A visão tornava-se mais opaca a cada palavra escrita. As palavras saíam como impulsos involuntários de um corpo não controlado. As palavras travavam como um coração que morre por alguns milésimos de segundo a cada intervalo de batida.
                Meu metafísico se abalou de vez e eu nem sequer pude perceber tal mudança. Quando dei por minha consciência, já não mais a tinha. E os impulsos só saíam de meus dedos. E eu escrevia feito louco. E eu escrevia sem medir significados. Significados nulos presentes em palavras cheias de sentidos ambíguos, sentidos contraditórios, sentidos por mim em cada letra. Este texto não passa de uma ideia totalmente aleatória, sem sentido algum. Possui, no entanto, signos postos lado a lado como eu possuo lado a lado minha polaridade dual.
                Esta é a minha própria ideia de dicotomia: ou é ou não é.

Antônio Gomes.

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