1 de fevereiro de 2009

Panis et circenses

Acabei de chegar da padaria. Lá é tudo tão bonito e sedutor. Sedutor, sim. Eles usam e abusam de crenças arbitrárias nossas: cheiro bom e doce misturado com pão nosso de cada dia; as embalagens de chocolates e balas estrategicamente posicionadas; balcão de comidas que aparentam ser o que não são; e coisas do tipo. Prova disto é que eu voltei de lá com mais fome do que já estava.
De qualquer forma, eu fui passar no caixa e cumprimentei a moça que lá estava, prontinha para receber o meu dinheiro, que faz seu chefe tão feliz. -Como vai, mocinha? - Vou muito bem, senhor. Deu sessenta centavos. - Caramba, que barato.
Agora eu estou me culpando por ter dito e pensado coisa do tipo. Não é barato. É muito claro o porquê que a mocinha fica tão feliz quando eu entrego meu dinheiro na sua mão de mocinha sorridente. A enganadora deve pensar: "Que sujeito mais trouxa. Bom para mim..." E quando a gente sai elas todas devem comentar tanta estupidez. E riem. Elas, com certeza riem muito. Gargalham.
Não é barato!
No meu tempo de menino, meu pai me mandava buscar pão na padaria da esquina, porque antigamente as padarias eram de esquina - assim como os butecos. Eu pagava sessenta centavos e levava meia dúzia de pães, no mínimo. Hoje eu compres dois pães, e paguei esse preço. E ainda me sinto feliz! Quanta estupidez. Acho que vou voltar na padaria e comentar sobre mim também.
A moral da história é: não tem moral. Na verdade, deve ter. Mas eu estou tão indignado que não consigo pensar em uma boa conclusão. "Não compre mais pão" não seria o melhor conselho a dar para você. Até porque ele está presente na oração mais usada no cristianismo.
Portanto: Pai meu que estais no céu, dai-me o pão nosso de cada dia!


João Hernesto

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