10 de junho de 2009

Qualquer classe-média-alta-baixa não é bem-vinda

Eu hoje acordei e eu odiava todo mundo. Na minha casa eu queria não ficar. Na rua eu queria acabar com qualquer felicidade tola. Por isso, a minha opção foi sair de casa, definitivamente.
Gente gritando, berrando. Gente feliz por nada. Eu gostava disso, normalmente; mas hoje não. Eu hoje me amo.
Gente dançando na rua, coisa que eu sempre fiz, mas eu detestava aqueles sorrisos. Eu odiava aquelas risadas gargalhadas de um jeito histérico. Só queria sumir.
Eu hoje quero sumir.
Maracatu no jardim, quanta felicidade! Não para mim. Não naquele dia. Cults dançando cultimente. Manos dançando manomente. Garotas acabadas de sair de casa, elas gostavam de qualquer música que estava na moda. Hoje ela dançam maracatu atomicamente. Malditos hipócritas! Malditos classe-média-alta-baixa.
Em dias normais lá estaria eu. Mas eu hoje me amo de outro jeito. Eu hoje me amo impaciente.
Impacientemente estúpido e estupidamente impaciente.
Hoje todo mundo é feio. Hoje eu sou bonito.
Hoje eu quero explodir o World Trade Center. Hoje eu vou explodir a casa branca. Hoje nem Lula se safa da minha maldade.
Eu hoje quero minha família. Eu hoje quero meu cachorro. Eu hoje quero minha infância. Eu hoje quero ser beijado docemente. Gostaria de ser beijado por alguém que eu amo, por alguém que me ame. Eu hoje me amo.
No âmbito da minha insensatez eu quero ficar sozinho. Não quero ler. Não quero ouvir música alguma. Eu quero a natureza, minha velha amiga.
Eu hoje quero a natureza.
Viva a cafonice hoje!

Dia seguinte.

Eu hoje me amo.
Eu hoje amo todo mundo.
Eu hoje vou dançar maracatu e fingir classe-média-alta-baixa.
Eu hoje quero implodir.
Eu hoje vou amar quem não vai me amar.
Não vou beijar lábio algum, mas vou ser beijado docemente.
Viva o chique hoje!


Leandro Augusto

2 comentários:

  1. Você sofreu uma necessária explosão.
    As vezes temos mesmo que nos priorizar.
    Têm dia que a gente acorda e quer ver tudo se explodindo.
    Cansa das pessoas, das coisas.
    Se desgasta com qualquer coisa e por nada, simultâneamente.
    Mas depois passa e tudo volta ao normal.
    o normal monótono e dormente e cinza de cada dia.
    Mas que para gente as vezes é colorido.

    ResponderExcluir