21 de julho de 2009

Filosofias acerca da Luz

Mariana, madrugada de vinte e dois do mês de Julho de 2009. Início: 01:01. Término: 01:46.
Gostaria de fazer uma carta grande e vistosa. Uma carta bonita, mas você pode não ler, não gostar e achar baboseira. Vou filosofar um pouco, espero chegar em algum lugar. Honestamente, não sei se você vai ler, não sei se vai gostar. Escrevo só como um mero protótipo de presente para esse dia que é para nós a celebração de um mês de namoro conceituado.
O amor. Já devo-lhe ter falado coisas do tipo. Visto que meu ponto de vista tem mudado bastante, quero deixar bem delimitado minhas crenças hoje. Sendo eu inconstante, elas podem mudar totalmente amanhã. Portanto, está escrito, está comprovado.
O amor. Eu acredito que nós viemos ao mundo com um intuito, o de tornarmo-nos espiritualizados. Ponto. Essa espiritualização (não confundamos espírito - obra etérea e concretizada da Grande Mãe e do Deus Tríplice - de alma - simples passagem de nossa existência minimalista por uma vida dentre muitas que temos. que passar) é atingida através do único sentimento (não estado emocional, o que é bem diferente, a meu ver) que os seres humanos sentem igualmente e de forma intensa homogeneamente: o Amor. Deixo o sentimento em letras maiúsculas a partir de agora em meus escritos com o intuito de santificar esse sentimento. Para mim, esse sentimento capacita-nos eternizar o amor divino. Esse sentimento é a eternidade de qualquer espírito. Ele é o propósito de nossa existência. Ele é o único caminho para nossa espiritualização.
Nós não somos epiderme, tecido ósseo, cartilaginoso, órgãos e sangue. Não somos cérebro, não somos sequer pensantes. Nós temos apenas um espírito que nos convida à busca constante desse Amor. Nós somos almas de um mundo animado e dotado de energia e devemos buscar outras almas. Nós não buscamos corpos físicos, buscamos almas. Buscamos nossos vestígios anteriormente tocados que ficaram em outras passagens pela Terra.
Nós passamos por aqui muitas vezes e, a cada passagem, cativamos almas novas e antigas. Em cada nova passagem, procuramos encontrar essas almas cativadas. Achamos, obviamente. Quando encontramos aquela pessoa que possui um círculo de energia brilhante, nós só achamos explicações em vidas passadas. Não vejo outra explicação que melhor denonime tal sensação. Não vejo outra explicação convincente que não seja supersticiosa.
Caminhei muito e perambulei muito até poder me ver livre de tudo o que já aprendi nessa minha imensa vida para acreditar que nós somos parte de um mesmo mundo. O Anima Mundi só nos é possível e aceitável quando acreditamos no Amor como grande e única virtude que nos é posta. Ele é como um presente dos deuses. Ele é o tudo e o nada. O verdadeiro Alfa e o verdadeiro Ômega. Eu persisti na ideia de simplesmente morrer e me encontrar com Deus para ele dizer que minha vida toda foi baseada numa dicotomia e num maniqueísmo imposto por parâmetros prescritos por alguém de péssimo gosto e de imaginação limitada.
O Amor é a busca. Não há outra palavra. Nós somos ansiosos por alguém que venha-nos completar. Não sei se acredito mais em almas gêmeas e em Outras Partes. Não sei se acredito em divisões espirituais no mundo das ideias ou na Summerland. Acredito no que me é palpável. O Amor me é. Ele é a razão pela qual eu escrevo tudo isso, que provavelmente, caro leitor, diga nada para você. Esse texto não é uma crônica nem é uma carta. Ele é uma organização de meus pensamentos. Eles estão sempre mudando, mas, hoje, resolvi tentar juntar o quebra-cabeças da minha cabeça.
O que eu quero usar como conclusão: essa Luz, eu vejo delimitada quando eu olho para você. Ela passa pela sua cabeça e te contorna o queixo e pescoço. Ela contorna o tronco, membros, e pés. Ele o contorna e me mostra que, não importa a explicação religiosa ou lógica que os homens tentem inventar. Ela é a razão de minha existência hoje. Ela é a minha família, ela é meu destino.
"Eis o segredo que ninguém sabe. Eis a raiz da raiz. O broto do broto, e o céu do céu de uma árvore chamada VIDA. Eis o milagre que mantém as estrelas à distância."
Já cheguei recitar-lhe parte desse poema de Cummings. Escondi, na verdade parte dele: esse trecho que acabei de escrever. Duas razões tive eu: 1) achei que não fosse entender a profundidade dessas expressões aparentemente tolas; 2) não me senti pronto para dizer esse versos que só ousei dizer à minha mãe.
Mas hoje eu senti a sua Luz. Precisamente e sinceramente, não cheguei a notá-la enquanto o tinha em meus braços. Senti sua alma, senti seu espírito, mas não pude identificar a luz. Hoje, quando eu ouvi sua voz rouca ao telefone, eu enxerguei perfeitamente essa Luz. E, lembrando dos momentos em que estive junto de você, sempre vi essa Luz. Só enxerga quem tem olhos. Isso faz muito sentido.
Na verdade, de modo geral, o texto não faz sentido algum. Mas acho que parei de acreditar em sentido, formulei e tenho formulado meu próprio jeito de ver a vida. Meus próprios parâmetros de verdade. Isso para mim é verdade. E poético, não acha?
Eu te amo não diz tudo. Eu te amo é uma expressão inventada pelos poetas para tentar dizer o que é a tal da Luz. Prefiro dizer: hoje, meu amor, você é a minha luz!
(a data como cabeçalho me serve para ler depois e ver quão insano estou sendo nessa noite, ou, entretanto, quão sensato estou tentando ser/parecer)

João Hernesto

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