21 de março de 2010

Abstinência

Eu sei que é bem clichê da parte de um escritor screver sobre abstinência e sobre os amores impossível. Bem, este texto fala sobre ambos assuntos, mas quem é que se importa? Não sou escritor, sou só um eterno adolescente com seus medos e imperfeições. Com seus hábitos e vícios. Escrevê-los-ei.
Aí eu comecei a ter aquela coisa que o povo gosta de chamar de ansiedade. Mas bem depois me veio aquela angústia e aquela saudade do que se foi. Vício, os antepassados gostam de chamar. Eu chamo de hábito. Ou falta de. O fato é que a angústia não passou, mesmo depois de tanta conceitualização.
Desci no bar que costumo ir quando quero ouvir jazz. E ouvi. Curei-me (ou saciei-me) de três hábitos.
A garrafa estava com micro-pedrinhas de gelo em sua volta. Vi que seu preço tivera aumentado. Daí eu pensei, essa vai valer muitíssimo a pena. E valeu.
Acendi o cigarro que comprara. A fumaça entrava no pulmão de não-mais-fumante e pedia licença, mas o coração permitia. Ela invadia cada espaço que havia entre a boca e o pulmão. Ela entrava devagar e saía depressa porque o esôfago queimava. Queimou e saiu. Saiu dizendo, causar-te-ei câncer. Tanto quanto os raios solares, ou todo o resto de coisas que costumam fazer matar. Nesse sentido ela e essas outras coisas eram vilãs. Na verdade eu era o vilão de eu mesmo.
Depois da primeira, forte e malvada tragada, a cerveja fora servida no copo, que já formava as tais micro-pedrinhas de gelo com cor de desespero. O brinde foi dito por mim, e brindado comigo mesmo. À fonte, e que ela não seque nunca.
Num gole grande, descia pela garganta o álcool, substância que continha função anestésica às dores do coração. O gás descia lento e sutil, porém invasivo. Era possível sentir aquele gole descer gostoso até o estômago. E, bem no fundinho, eu sentia aquele amargo da cerveja. E ele era tão bom...
Depois de meia garrafa, veio a última das abstinências: o maldito do amor. E a outra maldita: a distância. E aquela vontade de que aquela cerveja e aquelas duas cigarrilhas fizessem a dor diminuir. E não é que o fez?!
Daí eu voltei para casa e escrevi um texto sem desfecho, porque a dor era forte e me fazia perder a imaginação e a inspiração. Ta aí um remédio que podiam inventar: um para a loucura minha. E não é que inventaram?!

Leandro Augusto

Um comentário:

  1. Meu Deus, eu sou seu fã! *-* Cara muuito bom mesmo, ate babei. rs

    Parabéns, to com inveja!

    ResponderExcluir