21 de março de 2010

A poética e sua licença

Só parece que a sua luz está mais baixa hoje. Como se eu visse em você o que eu vejo em todos. De repente “eu não consigo ver o que ninguém consegue ver em ninguém mais, que não seja você” não faz o mesmo sentido.
Eu tento olhar nos seus olhos, em vão. Gostaria de disfarçar meus sentimentos. Gostaria de aplicar a lei da mentira, mas não vou conseguir tão cedo. Gostaria de não eternizar e santificar o amor, agora eu volto a acreditar em sua enganação. Parto a não acreditar nessa ilusão.
Não quero te assombrar, continuo tentando acreditar nos teus olhos. Eu só esperava que o amor verdadeiro fosse mais constante e racional. Vejo que é igual a todas as outras paixões, não crer que volto àquele velho ciclo de conversas e discussões.
Por outro lado eu resolvi mesmo apostar em você, o que eu tenho com você, eu não tenho mesmo em mais ninguém. De repente “eu não consigo ver o que ninguém consegue ver em ninguém mais, que não seja você” volta a fazer sentido.
Nada do que eu disse foi por beleza da poética. Aristóteles já dizia que a retórica e a poética andam de mãos dadas, dividindo os dois lados da tênue linha chamada persuasão para um e licença poética para o outro.
Mas até quando sou poeta? Até quando minha licença poética permanece intacta? Até quando minhas metáforas fazem sentido?
O dia em que eu parar te sentir, terei parado de amar você. Espero que esse dia não chegue, mas, ao mesmo tempo, busco por ele, só para ser mais feliz.
Não espere sensatez vinda de mim, isso eu posso afirmar.

Leandro Augusto

Nenhum comentário:

Postar um comentário