Mariana, 25 de setembro de 2011.
(04:05, pela manhã)
Decidi desistir de tentar manter meu legado. Decidi deixar-te partir e não mais implorar-te teu amor ou compromisso. Acho que confiança nasce dentro de nossos corações como algo espontâneo. Confiança não nasce de provas de amor. Provas de amor são inúteis, são convenções do mundo moderno. Confiança nasce não se sabe de que gênese e acaba quando nosso amor achar pertinente.
Acredito que não seja comprovada e que nada tenha a ver com amor. Acho que amor é como uma voz que grita em nossas mentes, falando “não o deixe partir”. E essa voz ecoa para sempre. Não a chamo de impulso. Chamo-a de insensatez.
Digo que te amo a todo tempo e creio ter-me perdido nas palavras. Palavras são meros mortais, frutos de outros mortais. A poesia está morta. Preciso agora compreender o que é amar-te.
Amar-te é saber que o mundo mortal não me permitiria ter-te e persistir em tentá-lo. Amar-te é conceber uma ideia de vida inteira, como que num estalo, no segundo de um beijo. Amar-te é compreender divina essa voz e julgar-me a mim mesmo nada digno e pecador por sequer pensar em deixar-te ir.
Dizer que te amo não é suficiente para que em mim acredites. Não basta que vejas em meus olhos tolos de criança sonhadora, como a que é feliz por ter a eternidade do momento atual. Não me basta comprar-te flores, levar-te café da manhã, preparar-te um esforçado jantar ou arrumar-me o corpo e espírito. Não basta que ouça sinos ao beijar-te, ou meu corpo inteiro formigar a cada toquede tuas mãos ou que me sinta ansioso por saber que estás para chegar. Não é o suficiente.
Usaria nesta carta os verbos no pretérito perfeito se não fossem estes inoportunos para o que pretendo expressar. Pretendo aqui o atemporal, para que saibas o quanto não importa o tempo e sua engrenagem para amar-te. Não importa se te amo hoje, se te amarei amanhã, se te amei ontem. Importa que te amo rotineiramente, porque simplesmente não sei amar-te num tempo especificado.
Não quero aqui expressar que ficarei triste, que me sinto devastado por dentro. Quero que esta carta seja alegre e nenhuma outra conotação aqui será permitida.
Se as provas interpessoais não cabem aqui, quero poder provar a mim mesmo o quanto te quero bem.Deixo-te ir, se assim desejares. Saberei que te amarei por toda a minha vida e que guardar-te-ei como um suspiro apaixonado, como um sorriso em meio ao caos. Saberei que nunca te tive, mas que sempre o desejarei. Ficarei no mesmo lugar, para que, se me concederes a honra de me fazer feliz por uma noite sequer, terei uma vida toda de esperança pela frente.
Leandro Augusto.
(04:41, pela manhã)
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