26 de setembro de 2011

Seresteira Secreta

Ele vai chegar agora, eu sei que vai. Disse que tem que me devolver algo, que passaria aqui para devolver. Está na hora de sair para sua aula. Será que me ligou e eu não vi? Impossível. Olho para o celular a todo o momento.

Vou me deitar e esperar. Procurar um livro para dizer que estava à sua espera. Vou me ajeitar na cama. Vou procurar uma forma de seduzi-lo, mas que seja meiga. Está frio, terei que pensar em uma expressão para meu rosto, pois a coberta cobrirá meu corpo. Colocarei muitos travesseiros e, quando ele chegar, vou jogar todos pelos ares e ficaremos deitados até a hora impedir.

O telefone de casa está tocando. Pode ser ele. Mas acho que não é. Ele nunca me liga em casa, sempre liga no celular. Preciso ir ao banheiro. Será que tomo um banho? Acho melhor não, porque ele está chegando, eu sei que está.

Devo passar perfume? Não, quero que pense que estava em casa, fazendo minhas coisas sem nem sequer pensar nele. Mentira, pensei nele desde ontem quando fui dormir. Acordei pensando nele. Permaneci deitada no cantinho da minha cama, como se ele estivesse do meu lado. Ele está do meu lado, eu sei que está. De alguma forma, imagino que ele esteja fazendo o mesmo em sua casa.

Acho que ele não vem. Preciso me arrumar para trabalhar. Acho que ele está esperando o horário em que não estou em casa para me entregar o que precisa. Talvez ele não queira me ver. Talvez nosso amor está capenga, eu o amo e ele não me ama. Acho que vai ser assim. Talvez vai ser assim. Mas enquanto fico no talvez, sei que ainda tenho alguma chance.

Devo ligar? Não, preciso tomar banho.

Adélia

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