13 de outubro de 2011

A Selva do Amor

Quando se conheceram, nasceu em si aquele sentimento gostoso. Brotou como o broto. Foi se enraizando sem que ele percebesse. Amá-la foi fácil, foi natural. Não chegou de supetão, como dizem por aí. Chegou com calma e se instaurou. Ele não pôde controlar, é claro. Mas também não desejou ter controle sob aquilo.

Só que depois se tornou doença. Na verdade se tornou várias doenças misturadas. O ciúme chegou. Ele chegou de supetão, sem avisos nem pegadas. Chegou a obsessão, o que fez dele um caçador perdido na selva. Ele sabia e sempre soube disso. Ele quis que isso acontecesse.

Quando terminou, ele já estava tão perdido e livre era o caminho para virar caça que não encontrou respostas. Viu os bichos passarem. Bichos dos mais selvagens, mas selvagem era o seu coração. A selva era o seu coração. E deitou-se no mato e esperou ser comido. Torceu que passasse logo o tempo. Torceu para que sua digestão no estômago daquele tigre fosse rápida. Mas não foi.

João Hernesto

Nenhum comentário:

Postar um comentário