5 de outubro de 2011

Temporada de Maré Alta

Começou bem devagarzinho. Ele viu que os problemas estavam quase ali. Chegaram não de supetão, deram alguns sinais de existência. Ignorou, pensou que tinha outras preocupações. Nada fez. Só persistiu a chorar a falta.

Só que cresceram e tomaram grandes proporções. Não teve outra ideia senão desabar. Deixar que os demônios tomassem conta de seu corpo, ainda que por um pequeno instante. Chorou e se sentiu fraco. Sentiu-se totalmente fraco.

Tentou ligar e chorar, mas não foi atendido. Em meio a tantos problemas, em meio ao caos, tudo o que queria era conversar como antes. Não tinha pretensões de voltar o relacionamento ou algo do tipo. Só queria chorar e contar as últimas coisas acontecidas em sua vida. Não foi atendido. Quando ele achou que pudesse contar com um amigo, somente, enganou-se. O amigo não quer preocupações com ele. Quer preocupar-se de si mesmo e nada mais.

E foi assim que as coisas acabaram. Foi assim que a vida começou a ficar perigosa. Foi assim que perdeu sua proteção, seu porto seguro no meio da maré alta. Foi assim que chorou e desejou. Só desejou.

Adélia

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