Começou bem devagarzinho. Ele viu que os problemas estavam quase ali. Chegaram não de supetão, deram alguns sinais de existência. Ignorou, pensou que tinha outras preocupações. Nada fez. Só persistiu a chorar a falta.
Só que cresceram e tomaram grandes proporções. Não teve outra ideia senão desabar. Deixar que os demônios tomassem conta de seu corpo, ainda que por um pequeno instante. Chorou e se sentiu fraco. Sentiu-se totalmente fraco.
Tentou ligar e chorar, mas não foi atendido. Em meio a tantos problemas, em meio ao caos, tudo o que queria era conversar como antes. Não tinha pretensões de voltar o relacionamento ou algo do tipo. Só queria chorar e contar as últimas coisas acontecidas em sua vida. Não foi atendido. Quando ele achou que pudesse contar com um amigo, somente, enganou-se. O amigo não quer preocupações com ele. Quer preocupar-se de si mesmo e nada mais.
E foi assim que as coisas acabaram. Foi assim que a vida começou a ficar perigosa. Foi assim que perdeu sua proteção, seu porto seguro no meio da maré alta. Foi assim que chorou e desejou. Só desejou.
Adélia
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