3 de novembro de 2011

Baú de Mágica

Dora tinha 3 anos quando aconteceu. Foi numa tarde em que uma amiga sua fazia 4 aninhos. O homem de preto chegou com um aparato glamuroso. As crianças soltaram um riso daquele forte. Ela também ria. Cumprimentou a pequena plateia e começou o espetáculo.

Uma bonita mulher semi-nua apareceu e começou a falar coisas bonitas e repetir movimentos bonitos e gesticular gestos bonitos. Fez alguns truques com cartas de baralho, mas aquilo não fazia muita diferença, já que as crianças mal sabiam contar a quantidade de manchas de chocolate que havia em seus rostos.

Depois de muito enrolar, aquele sujeito pegou um chapéu – que Dora, posteriormente, descobriu ser chamado de cartola – e tirou de dentro um coelho grande, vistoso e branco. Coelhinho bonitinho, daqueles que faz qualquer criança gargalhar e adulto derreter. As crianças riam. Dora intrigava-se nos pensamentos. Não pôde acreditar como aquilo havia sido feito.

Começou a gritar: faz de novo, seu moço! Seu moço olhou para a pequenina de olhos claros, cabelos lisos, franjinha castanho-clara. Deve ter pensado que a menina havia adorado o passe, talvez pelo brilho nos olhos pequenos da pequena. Assim pensando, fez o coelho sumir e aparecer novamente de dentro da chamada cartola.

Dora foi para casa pensando que aquilo não poderia estar certo. Mesmo assim, esqueceu.

Depois de algum tempo, a páscoa chegara e ela ganhara diversos ovos de páscoa de sua família. Disseram que o maior estava por chegar, que o coelhinho da páscoa estava por aparecer. Pensou haver alguma relação entre o coelho da cartola e o coelho do chocolate. Mesmo assim, esperou. Quando ele chegou, era grande, muito grande. Da altura de seu pai. Não era bonitinho nem muito menos a arrancou um riso sequer de seu rosto. Não saiu de dentro de uma cartola. Dora puxou o rabo do coelho e rasgou, assim, a roupa que seu pai usava.

Bem, neste ponto, Dora não acreditou mais em coelhinho da páscoa, em Papai Noel, em Jesus Cristo e muito menos em moços que tiram coelhos de cartolas.

Mesmo assim, quando cresceu, se apaixonou.

Capadócio.

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