9 de novembro de 2011

Minguante Sempre ou Insensatez

Parece que foi ontem que o mundo de verdade bateu em minha porta. E é até bastante engraçado me lembrar como o meu próprio mundo revirou e virou e revirou e titubeou. Foi assim: eu era adolescente e virei adulto num estalar de dedos. E, quando eu achava que a vida não me poderia pregar peças desgraçadas, lá se foi mais uma fase de minha vida começando e outra terminando.

Sim, porque na minha vida as coisas têm muito mais sentido quando uma porta se fecha para que outra se abra. Em minha casa, as portas permanecem fechadas. Se preciso passar de um quarto para outro, fecho a porta do primeiro quarto para só depois abrir – e fechar – a do segundo. Metodismo à parte, é assim que enxergo as coisas.

E aí minha cabeça vai rodando e a engrenagem começa a girar intensamente. As coisas aqui dentro vão esfumaçando e fica levemente difícil de ver o que se passa ao meu redor. Ver o que há de acontecer ou o que aconteceu há dez minutos se torna praticamente impossível. Estou falando aqui de troca de fase. A lua se torna minguante quando não é mais cheia. Mínguo a todo tempo.

Não procuro tentar entender essas mudanças a que me proponho, só sinto cheiro do queijo novo e vou buscando, sem saber se é bom ou ruim. Nesse momento, tenho a impressão de que o mundo roda até que comece a parar. Depois que para, sinto um conforto absurdo. Vai ver é por isto que busco essas mudanças, ou que o mundo me faz mudar: só para ter o prazer de ansiar a pausa.

Agora eu sinto tudo rodando, sinto a lua numa fase intermediária. Sinto meu espírito buscar a pausa. Pauso. Depois volto a rodar por não mais que poucos minutos. Depois pauso. Sei que depois pauso. Sei o que quero, não sei do futuro, não sei da falha de minhas ações. Mas sei o que quero agora. E o que quero agora é pausar e permanecer. Sempre quero permanecer. Quero os olhos cor de musgo. Quero a sensatez.

Eu tinha algo como quinze anos quando escrevi meu primeiro texto. Chamava-se insensatez. Foi inspirado num vidrinho de perfume recém-adquirido. A insensatez, chamei de cérebro. Hoje, a insensatez é presente em minha mente. A insensatez vive, sobrevive, prevalece. Duvido de absolutamente tudo o que sinto, penso, quero. Sei que não é real. Sei, por outro lado, que é assim que deve ser. Sei que a fantasia deve continuar intacta. Não quero ser real. Quero ser insensato sempre. Sempre e sempre. E como é bom falar sempre sem medo de errar!

Leandro Augusto.

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