14 de dezembro de 2011

As Ondas

As Ondas

O próximo ano vem chegando. Cá estou eu escrevendo sobre este que está prestes a terminar e o outro que está prestes a começar. Nesse intervalo entre um e outro que não dura tempo algum – talvez um mero “feliz ano novo” – estão contidas as palavras mais infinitas que a alma humana pode proferir. Estão contidas as palavras mais finitas que a mente humana pode inventar. Sentimentos de felicidade e tristeza misturando-se numa perfeita simetria, formando um balanço extremamente cuidadoso para que possamos sentir gozo e angústia numa verdadeira montanha russa de sentimentos. Essa figura de linguagem que não me vem o nome agora. Essa linguagem complicada de ser dominada. Esse texto que só vem aos poucos. Esse ano que termina em aberto. Esse ano que começa sem iniciar. Essa viagem de cérebros e corpos de modo meta-físico o bastante para que possamos controlar. Cresce e cresce. Toma proporções incríveis e domina nosso corpo como se um líquido possuísse um jarro.

Posso dizer que as lições que não aprendi foram as mais apreendidas de todas as de minha pequena vida. Posso dizer que o mar de sensações que senti continua batendo, às vezes forte, às vezes, entretanto, a onda vem bem pequena. De qualquer forma, o oceano continua batendo aqui e as água que aqui bateram continuam a bater, pois o tempo ainda não foi o suficiente para que se distanciassem o bastante. A felicidade que não dominei, a felicidade que não domino. A vontade de dominar pessoas e fazê-las minhas e só minhas. A vontade de dominar a felicidade e mantê-la para sempre viva. Não fica nem ficará. Vai embora assim como as pessoas vão embora. As pessoas passam como um sopro que a mãe Oceania dá para que ondas sejam formadas. Vão embora antes que possamos nos atentar e pular uma onda que seja na noite de réveillon. Passam e vão. Às vezes voltam como memórias intensas. Às vezes as memórias nem voltam e começam, inclusive, a falhar. Mas a mesma onda vem. Continua vindo. Continuará vindo. Para mim e para todo mundo. Para mim, que sempre quis que ficasse.

A felicidade que vai se espalhando pelos mares de outros continentes. Um dia vai embora de vez. Por enquanto, volta vez ou outra. O sentido da vida que nunca fica. Sempre vai. Sempre vai. Sempre morre e nasce. Sempre vive e nunca vive. Os planejamentos que deixam de fazer sentido. As vidas que se tornam nada estáticas. A nossa própria vida que caminha por caminhos que não desejamos. A nossa própria vontade que se perde e se acha. A vida do ser humano. O ser humano e sua psique. O ser humano e sua vontade de dominar o indominável. O ser humano e o abominável homem das ondas. As ondas.

João Hernesto.

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